sábado, 15 de janeiro de 2011

ISABEL ALÇADA E LURDES RODRIGUES: FARINHA DO MESMO SACO?

            Para ser objectivo, o saco é o mesmo, mas a farinha é diferente. Lurdes Rodrigues foi a caceteira escolhida por Sócrates para pôr os professores na linha. Como é sabido, exagerou e foi mandada para presidente de uma fundação: o céu de qualquer político quando deixa de o ser. Lurdes era a ‘Pide má’, isto é, a que dava pancada. Isabel Alçada é a ‘Pide boa’, a que dá carinhos para ver se o torturado se rende.
            O Ministério da simpática e carinhosa Isabel Alçada está a prepara-se para pôr na rua cerca de trinta mil professores (uma boa parte deles já com muita experiência de ensino) através de um conjunto de medidas muito pouco pedagógicas. O Sousa Tavares, esse grande ‘fazedor de opiniões’ que só são assim porque não são assado (isto é, interessa é atirar umas coisas para o ar porque o dinheirinho ganho com as suas opiniões da treta, esse é que interessa) é bem capaz de vir aplaudir o pacote de medidas, porque o país está em crise blá, blá, blá. Todavia, não nos esqueçamos que estas medidas irão ser aplicadas para pôr professores na rua. A poupança de dinheiro para consolidar as finanças públicas (que saboroso cliché) já está a ser levada a cabo com os cortes salariais na função pública.
            Os pais parecem estar distraídos, mas este é mais um rude golpe para o ensino público. Estas medidas irão fazer com que um número mais reduzido de professores faça o trabalho deixado pelos milhares que irão para a rua. Com quem é que o Ministério da Educação aprendeu isto? Claro, com os grandes patrões, os que ganharam rios de dinheiro fazendo com que um funcionário levasse a cabo o trabalho que deveria ser feito por dois ou três. Uma das consequências inevitáveis deste pacote de medidas (de entre as quais destaco as alterações curriculares, que não visam um melhor ensino, mas sim menos gastos no ministério) é o aumento do número de alunos por docente. (Estamos tão longe da Finlândia…o modelo de ensino que o Sr. Sócrates queria para a nação)
            E onde é que fica Isabel da Alçada figura no meio disto tudo? No triste papel da pessoa que tem conhecimento e inteligência suficientes para saber que nada disto irá melhorar o ensino público (Alçada foi professora do básico e secundário durante muitos anos, até a carreira literária vir pôr um termo ao mundo fascinante da docência em Portugal), mas que se mantém impávida e sereníssima no seu papel de Durão Barroso: a fazer pela vidinha, a piscar o olho a um tacho que já não está muito longe. A ‘Pide boa’ também irá para o ‘céu’.

            No próximo mês de Setembro veremos Alçada num pequeno vídeo do ‘youtube’ a consolar os professores que irão para o desemprego.

            Isabel estica um sorriso de orelha a orelha, e com um olhar compungido de dor…e, já agora, com um sotaque à Lili Caneças…(no melhor pano cai a nódoa)

Queridos professores, é com o coração apertado que vos venho falar. A vossa vida não será fácil, tenho consciência disso. Eu sei o que estão a sentir, pois uma vez tive de despedir a minha mulher-a-dias, coitadinha, e acho que estive deprimida umas duas horas. Venho aqui lançar-vos um sinal de esperança…há vida para além do ensino, Portugal é um país promissor e em plena expansão económica; todos encontrarão o seu lugar ao sol, não tenho qualquer dúvida disso. Olhem, aproveitem o subsídio de desemprego e façam umas feriazinhas, escrevam livros para crianças…mas não se esqueçam que não podem chamar-lhe ‘Uma Aventura…’ esses já existem. Façam tricot; está na moda e é muito chique…todas as minhas amigas o fazem.
Neste momento de dor, quero sublinhar a ideia de que o novo ano lectivo que está prestes a começar arrancará mais pobre sem vocês. Boa sorte, meus queridos.

Cameraman: Ó Dr.ª, na se vá emora ainda…agor’é o vídeo p’rós putos…os alunos…
Alçada: Ah, é verdade! Olhe, já me esquecia…que cabeça a minha…eh, eh, eh.

Noel Petinga Leopoldo


P.S. Segundo os resultados de um daqueles estudos europeus que Sócrates costuma usar para humilhar os docentes, neste caso o ‘PISA’, os professores portugueses apresentaram muito bons resultados no que concerne à confiança que os alunos sentem relativamente ao ensino por eles ministrado, assim como na qualidade da relação pedagógica professores-alunos. Isto não foi noticiado de forma condigna, obviamente. Os professores estão mesmo a precisar de um lobby na imprensa nacional.

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